Ilha Grande

Depois de muitos e muitos anos querendo conhecer o famoso paraíso na Costa Verde, tanto por suas praias como por suas trilhas, arrumei o namorado perfeito e no primeiro feriadão que rolou, partimos para Ilha Grande.

Pra quem quer ir, basicamente tudo pode ser encontrado em HTTP://www.ilhagrande.org desde horários das barcas, campings, pousadas, até restaurantes, dicas e curiosidades. Todos os tipos de preços para todos os tipos de gostos. Não espere, obviamente, encontrar uma pechincha no meio de um feriadão. Se conseguir, é sorte, mas desconfie sempre e cheque referências.

A Vila do Abraão é o local mais conhecido, onde há mais pousadas, restaurantes, infraestrutura e de onde partem a maioria

Como a vontade de conhecer era grande, resolvi ir na sexta mesmo e, por questão de tempo e horário de trabalho,. Pra quem não vai de carro, a única opção de transporte é a companhia Costa Verde. Para Angra dos Reis há mais opções mas a viagem é longa, 3 horas ou mais. Por Mangaratiba a viagem dura cerca de 2:30 , mas existem pouquíssimos horários: 05:00, 11:30, 15:30, 18:30. Dali, para se pegar a barca, só existem dois horários: 08:00 e 22:00 (exclusivamente às sextas feiras). A travessia dura mais ou menos 01:30. Mas além das Barcas existem os saveiros e os catamarãs que saem do porto de Angra dos Reis.

Se você pretende ir de carro não deixe pra chegar em cima da hora. A barca LOTA. Sempre.

Chegamos em Ilha Grande quase meia noite e fomos para o Camping Toca do Guaiamum, que também tem alguns quartinhos e onde conseguimos uma ótima reserva (R$ 70,00 a diária de casal com café da manhã) e desmaiamos.

Nosso plano basicamente era: conhecer Lopes Mendes, considerada uma das praias mais belas do mundo, ir a Dois Rios onde ficava o antigo presídio da Ilha Grande e outra praia. Na segunda feira, o feriado, seria, em tese, a Cachoeira da Feiticeira, trilha pesada mas curta, que daria tempo de voltarmos para pegar o catamarã das 17:00hs.

Passagens

Tirando o bilhete da Barca para a ida, que não tem jeito, compre a passagem de ônibus com antecedência e assim que puser os pés na ilha, informe-se sobre o bilhete de volta e compre com antecedência.

Por causa do feriado houve até um catamarã extra, uma fila monstruosa, atraso na partida e muita gente estressada, pois deixou pra comprar em uma das agências que ficam na beira do cais na hora de voltar. Soube inclusive de um incidente envolvendo um turista que agrediu com um soco uma funcionária da agência porque não havia mais passagem. Lastimável.
O catamarã que vai para Angra custa R$ 20,00 e sai às 17:00. Também há Saveiros que fazem o trajeto Vila do Abraão – Angra por R$ 15,00 ou R$ 20,00. Demora um pouco mais mas é um passeio bem mais agradável. E o por do sol visto do mar é LINDO.

E não se esqueça de levar DINHEIRO. Não há bancos ou caixas eletrônicos em Ilha Grande e poucos lugares aceitam cartão de crédito. Em certos lugares há até desconto para pagamento em dinheiro.

Lopes Mendes

Infelizmente não fomos brindados com um dia ensolarado, mas o tempo estava nublado e estável, não choveu e partimos primeiramente para Lopes Mendes.

Vários Saveiros oferecem a passagem de ida e volta por R$ 15,00, sendo as saídas por volta das 09:30 e o último horário por volta das 17:30 e demora cerca de uma hora para chegar ao cais – onde não fica necessariamente a praia. Existe uma pequena trilha que te leva ao pedacinho do paraíso.

Ouuuu se você não for preguiçoso e topar encarar uma horinha de caminhada, vá para o outro lado da trilha e você chegará ao canto esquerdo da praia, pouco conhecido.

Ali fica quase vazio, você se sente único na praia e tem a oportunidade de apreciá-la como se fosse uma praia deserta. Existe apenas uma casinha naquele lado, mas ninguém aparece na praia.

Saindo dessa trilha extra, logo à esquerda você verá enormes pedras. Atravesse-as e curta incólume uma agradável tarde nesse cantinho tão especial.


Se tiver snorkel e nadadeiras e o mar estiver calmo. Nade perto do costão e aprecie a vida marinha, mas se estiver batendo evite: ali tem vários ouriços.


E outra coisa: a maré sobe no final do dia, portanto, se optar em ir pra esse lado, atravesse as pedras ANTES das 15:00 horas. Deixamos pra ir em cima da hora e o mar subiu tanto que não era possível passar pela frente das pedras, nem por entre as mesmas. E falo de água ACIMA da cintura e batendo nas pedras.

Leve água e lanche pois desse lado não há nada. E quando se for, leve apenas suas fotos e seu lixo, mantendo esse cantinho intacto.


Dois Rios

Dois Rios é a localidade onde ficava o antigo Presídio de Segurança máxima da Ilha Grande. Com a sua desativação, restaram apenas as famílias que lá habitavam, muitos deles ex funcionários do presídio.

Ali eu vi apenas uma Lanchonete, um bar e, em algumas casas, vende-se sacolés. Portanto, leve seu lanchinho ou compre algo por lá antes de ir para a praia.

A localidade tem este nome por causa dos dois rios próximos à praia, um de cada lado: você pode sair do mar e tomar um banho de água doce para tirar o sal do corpo em apenas alguns minutos. Mesmo com o tempo nublado é um lugar extremamente agradável, águas limpas, poucas ondas, perfeito para pegar jacaré.

Os vira-latas da localidade são uma atração à parte. Super dóceis e carentes, não hesitam em se aproximar se você der atenção e adoram aparecer nas fotos.



Parte do antigo presídio desabou e está em ruínas e sem qualquer tipo de preservação infelizmente. O teto desabou, as plantas tomaram conta, nada foi removido. Olhando pelas portas dá até para ver mobília antiga e um velho arquivo.



Em outra parte deste foi feito um pequeno museu, contando a história do presídio, da Colônia Agrícola que havia em Dois Rios e outros fatos curiosos sobre a localidade.



Para se chegar a Dois Rios são DUAS horas de caminhada no mínimo, isso considerando pessoas que estão acostumadas a fazer longas caminhadas. É uma estrada bem marcada e sinalizada, mas de chão batido logo, cuidado para não pisar em falso e JAMAIS saia da trilha, a não ser para pegar alguns dos atalhos sinalizados.

(A estrada para Dois Rios)

Mas lembre-se: a economia de tempo que os atalhos proporcionam implicam em trilha com mais obstáculos. Descidas ou subidas íngremes, escadas, árvores caídas, dentre outras coisas.

Outro alerta: não há campings nem pousadas em Dois Rios e você não pode ficar na localidade após as 18:00, a não ser que seja convidado de algum dos moradores. Há multas pesadas para quem descumprir as regras, podendo o infrator ser expulso da ilha

Caxadaço é uma prainha mínima que você chega através de outra trilha, não tão clara como a trilha até Dois Rios. Tem muitos obstáculos, é cansativa pra caramba, leva-se 01:30 a 02:00 para se chegar ao final.

Minha dica se você está acostumado a andar MUITO vale a pena ir a Dois Rios, conhecer e depois ir a Caxadaço. Se você tem pique mas nem tanto, vá DIRETO para Caxadaço num dia e tire outro pra conhecer Dois Rios e ir à praia. É MUITO cansativo, e ficar parando fazendo visitinha não ajudou muito.

Caxadaço

Saindo de Dois Rios, alguns metros depois você verá a plaquinha indicando o início da trilha para Caxadaço. É uma trilha mais fechada, não é muito bem sinalizada mas é só prestar atenção que você não se perde. Em vários pontos existem fitinhas azuis ou laranjas e coincidentemente indicavam o caminho, o que me leva a crer que foram ali colocadas com este propósito.

Evite fazer em dia de chuvas ou se tiver chovido muito um ou dois dias antes.

Logo no início da trilha você tem que atravessar uma passagem cheia de pedras e é por cima delas que você vai. Escorrega MUITO, por isso, tome cuidado.


Seguindo em frente você vai chegar num ponto em que você achará que a trilha terminou. Olhe para a esquerda e passe por cima das pedras, é isso mesmo. São as únicas pegadinhas da pista, não tem muito erro.

Caxadaço, por causa de sua localização escondida era ponto de desembarque de tráfico de escravos, já que a praia não podia ser avistada por navios patrulhas. Parte da trilha é uma “escada” de pedras, construída pelos escravos. Muito cuidado com elas e com os vários galhos soltos no meio do caminho.

Vi várias árvores caídas no meio do caminho, dificultando a passagem, mas nada absurdo, se você tomar cuidado.


Seguindo o caminho direitinho o prêmio é uma praia deliciosa, com uma visão LINDA. Muito cuidado ao entrar na água, se estiver fria: algumas arraias gostam de descansar pertinho da areia e se você pisar no ferrão dela... entre nadando sempre que possível e se o mar estiver batendo, fique LONGE da Pedras.

Ainda nessa prainha existe outra pequena trilha que vai até o alto da Pedra de Caxadaço. Vale a pena subir, a visão é linda e mercê várias fotos.




Independente do seu ritmo, saia de Caxadaço ANTES das 16:00 para que você esteja na estrada de Dois Rios antes de escurecer completamente, por volta das 18:00 e leve sempre lanterna.

Eu cheguei na estrada pontualmente às 18:00 e o breu logo caiu. Como estava de lanterna foi tudo tranqüilo e um show a parte: noite de Lua Cheia, céu estrelado. Vagalumes voando e os olhinhos de um passarinho brilhando com a luz da Lanterna. Apesar do medo foi inesquecível. Levei 2:40 para voltar pois estava MUITO cansada, tive que arrancar as botas e terminei o caminho de chinelos.

Recomendo que levem papetes ou, se não tiver mesmo, havaianas e andem com cuidado para não escorregarem.

Cheguei na Vila do Abraão às 20:40 arrasada, com o corpo doído, só queria saber de banho e mal tinha forças pra comer (passei o dia inteiro só com o café da manhã, um misto quente que comi em Dois Rios e alguns biscoitos).
Se tiver Dorflex ou algo parecido, coloque no seu Kit de primeiros socorros. Eu esqueci o meu e estou mancando até agora.

Praia de Abraãozinho

No último dia, ainda devastada pela trilha do dia anterior, tiramos o dia para “descansar”. Fui comprar lembrancinhas, camisetas e fomos visitar a praia de abraãozinho.

De frente para o mar, andando para a direita, você pega uma trilha (mais uma) que passar por várias praias minúsculas até chegar lá. Essas praias já não são tão selvagens, possuem uns poucos bares e locais para se comer. É muito gostosa para relaxar.

Se você mergulha, leve snorkel e vá nadando próximo às pedras e não hesite em virar à direita e ir em direção à praia do Morcego. Nesse trechinho você encontrará vários peixes, ouriços, anêmonas e alguns corais.

E estrelas do mar. Nunca vi estrelas tão grande as uma profundidade ao rasa, como esta aqui da foto: http://www.flickr.com/photos/rbpdesigner/3222823747/. Vi pelo menos duas destas, com mais de dois palmos de comprimento, uma delas estava em cima de uma pedra, toda torta. Linda, linda demais..

Se o último dia é curto, Abraãozinho é a melhor opção.



Saindo de lá, outro passeio curtinho que fiz, na direção esquerda da praia é a trilha que vai até o Aqueduto, Lazareto e o poção da Vila. Caminhadinha curta e agradável, básica que todos devem fazer.





Últimas dicas

Eu só vi por lá uma única farmácia, que fica na avenida principal, em frente ao cais. Leve seus medicamentos habituais pois lá eles não tem de tudo e tudo é MUITO mais caro.

Existem restaurantes para todos os tipos e gostos. Um PF básico e dos bons (arroz, feijão, carne, fritas e farofa) custa entre 12 e 15 reais e são muito bem servidos. Se você curte filé à parmegiana, EVITE um restaurante chamado ACONCHEGO, pois eles tem uma concepção diferente: me serviram um filé que não era empanado, grosso e cheio de gordura (eca) com uma fatia de queijo e outra de presunto em cima. Não comi a carne, obviamente.

Compre o bilhete de volta na rodoviária e o da barca ou catamarã assim que chegar na Ilha Grande, não deixe para última hora.

Resumindo: Ilha Grande é um lugar incrível, mas infelizmente não é uma viagem pra um final de semana ou feriado prolongado. É lugar pra se passar uma semana inteira, duas, um mês inteiro.

Só voltei porque tinha que trabalhar.

Final de semana, se tudo der certo, estarei voltando para lá. Para resgatar meu namorado (sortudo, está de férias).



Beijos e até a próxima viagem: Peru!