domingo, 4 de outubro de 2009

Enfim, Machu Picchu!

Chegamos em Águas Calientes por volta das 21 horas.


Aviso logo aos navegantes: não há “transfer” por um simples motivos: não há veículo ALGUM em toda a cidade, exceto os ônibus que fazem o trajeto. Se você é do tipo que viaja sozinho, de mala, como eu fazia (nunca agradeci tanto a Deus por ter comprado mochila) ou carrega trocentas bolsas na mão, ainda mais depois de Cuzco, abra seu olho.

A cidade é pequena, anda-se pouco e se você pedir “transfer” eles mandam funcionários do albergue para te ajudar a carregar e só. Alguns hotéis tem carrinho de mão para ajudar (mediante propina) e só.

Aqui a recepção foi bem mais tranqüila, duas meninas que trabalham no hostel vieram nos buscar (Pirwa Hostels: tem em Lima, Cuzco e Águas Calientes) e nem é tanto longe assim.

O hostel é MUITO bom. Infinitamente melhor que o de Cuzco em todos os sentidos, quartos super confortáveis, amplos, banheiros novinhos e limpinhos. Café da manhã continental básico de sempre (pão, café, manteiga, geléia, suco e, às vezes fruta).

E internet de graça, embora precária... mas, embora conste do site NÃO tem wi-fi.

E o clima muito agradável.

O hostel fica bem próximo ao rio. A cidade inteira está em reformas: estão acertando o calçamento, fazendo muros ao lado do Rio... a cidade está realmente sendo preparada pra ser a nova base de quem vai a Machu Picchu.

E vive disso: inúmeros restaurantes, albergues, pousadas, cafés: isso é Águas Calientes.

De noite ainda a primeira decepção.

Ao fecharmos o pacote, comentamos que queríamos muito ir a Wayna Picchu (a montanha mais alta) mas não queríamos ir sozinha. O agente disse que o guia que iria nos recepcionar no hostel, à noite, conduziria o grupo de madrugada para subir a montanha e que depois faríamos o tour a hora que desejássemos.

MENTIRA.

Chegamos lá e soubemos que isso não existia. O guia espera pelas pessoas na entrada do parte e só existem dois horários para a visita guiada. #mifudi

E o pior: segundo ele não constava no nosso voucher as passagens de ônibus de Águas Calientes para Machu Picchu. E olha que eu insisti, mas ele disse que o pacote incluía.

Portanto, mais uma dica amigos: VALE O QUE ESTÁ ESCRITO. Portanto, peça tudo discriminado, entrada, bilhetes, trechos (ida e volta), guia, tudinho.

Mas enfim. Nos estressamos no tour do vale Sagrado, nos estressamos com presepada da Agência (Chaska Travel, não contratem NUNCA) e minha amiga não se sentiu bem aquela noite, provavelmente pelo stress. Desistimos de subir a montanha e fomos dormir, na esperança de que ela estivesse melhor no dia seguinte para irmos sem pressa.

***

Amy amanheceu melhor e achei melhor abstrair, ir ver Machu Picchu, tirar muitas fotos e me divertir. Acordamos, tomamos café demoradamente e descemos pra comprar os bilhetes de ônibus e partir.

O ônibus que faz o trajeto até águas calientes é uma fortuna, comparado ao resto. 14 USD ida e volta e 10 USD só a ida e é o único meio. 30 minutos de bus. Ou, se você quiser, pode ir andando, uma hora e meia, estrada sinuosa, ladeirinha. Eles saem a cada 15 minutos, sendo o primeiro às 05:30 (se não me falha a memória) e o último ás 17:30.

E lá chegamos.

De fato o que dizem sobre o local procede: eles colocam “n” proibições no ticket de entrada, preocupados com o acúmulo de lixo mas a grande verdade é: se você for razoável e não levar farofa ninguém cria caso. Levamos garrafa, biscoito, fruta e saquinho para lixo.

Não há restaurantes ou lanchonetes dentro do Parque, só do lado de fora. O restaurante, Buffet, custa 35 doletas (mas é chique) e a lanchonete chega a assustar: simples salgados custando 25 SOLES, quando e qualquer outro lugar você paga 2-4 soles por um salgado ou sanduba e 15 soles por um menu turístico. 10 soles uma água mineral pequena! Portanto, todo cuidado é pouco. Não dê mole e não jogue lixo.

Agora a parte boa: Machu Picchu é impressionante.




Segundo o guia explicou, a cidade sagrada dos Incas foi construída naquele local em virtude da posição privilegiada e eqüidistante de várias cidades chaves. Além disso, por estar cercadas de montanhas e num nível abaixo destas, dificultaria a sua descoberta por inimigos.

E foi justamente esta posição que fez com que a mesma permanecesse como lenda durante muitos anos.

Conforme a história, a cidade nunca chegou a ser concluída. As construções que vemos nas fotos tradicionais com a montanha Wayna Picchu ao fundo seriam as casas dos sacerdotes incas e os trabalhadores que construíram a cidade não moravam lá; o trabalho para o império era a forma com a qual pagavam o tributo devido.

Acredita-se que sacerdotes tenham vivido em Machu Picchu pois os terraços (andeles) estavam bem acabados, possuíam sistema de drenagem e haviam vestígios de cultivo de alimentos. No entanto, o que se tem certeza é que a cidade foi abandonada antes de 1500, ou seja, antes da chegada dos espanhóis.

Se foi para proteger a cidade, se eles morreram em virtude de condições climáticas ou se simplesmente abandonaram a cidade por falta de água ou comida, nada se sabe. A última hipótese é descartada pois a terra é muito fértil e a cidade vive em permanente manutenção e poda. Consta que durante o mês de fevereiro, quando o parque fecha para “descanso e conservação” e também por causa das torrenciais chuvas, o mato se alastra muito rapidamente.

Como os incas não conheciam a escrita, não há registros sobre sua história, de sorte que tudo o que se conhece são as histórias contadas de pai para filho e foi com base nessas histórias e a ajuda de uma criança, filho de nativos que o historiador americano Hiram Bingham encontrou a cidade em 1911, parcialmente destruída (somente 30% das construções são originais).

A cidade impressiona pela precisão das construções e as técnicas arcaicas, mas perfeitas dos incas. As pedras são justa postas, sem nenhum elemento conectando-as porque eram feitas sob pedida e prevendo o encaixe perfeito que evita o deslizamento. As fotos falam tudo...



As janelas em forma de trapézio eram mais estáveis, evitando o colapso em caso de sismos; fiquei encantada com as mesmas! Muita gente estranhou janelas "fechadas", trapézios encaixados nas paredes que nada mais eram que lugares para guardar objetos, já que os mesmos não possuíam conhecimentos de marcenaria, nem tinham mobília.



(Condor)

Findo o tour, já que não dava pra subir Wayna Picchu pelo horário (além do fato de que o acesso é limitado a 200 pessoas por dia), resolvemos fazer uma das trilhas alternativas, indo até a chamada “Janela do Sol”, a porta de entrada original de Machu Picchu, por onde chega a galera que faz a trilha inca. 1 hora mais ou menos só pra chegar lá, mas a vista compensa...






Lembro aos incautos que há guarda volumes e guarda mochila para os visitantes (mochilas somente até 32L), mas eles fecham às 17:00... assim como o parque. O último ônibus desce às 17:30.

Se por acaso você pretender pernoitar em águas calientes ainda nesse dia, a dica boa é ir nas piscinas termais com “águas calientes” que dão o nome ao Vilarejo. 10 soles (5 pra estudante), 1 sol o guarda volumes, leve sua roupa de banho. Eles alugam, mas não recomendo. Se você acenar da piscina, eles trazem drinks!

A outra dica é: faça compras no mercado popular que tem um pouco depois da estação de trem. Consegui ótimas barganhas ali!

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